Iniciamos a nossa composição com a exploração de um simples cubo, o qual ao ser colocado numa diferente perspectiva tomou uma posição descendente, posição esta que reflecte a rigidez e segurança da relação. “Ao cubo estão associados os significados de honestidade, rectidão e esmero” (D. Dondis)
No que toca ao aspecto técnico, fomos desenvolvendo a composição no Photoshop a partir de uma imagem da Internet (cubo), juntando-lhe posteriormente um background em tons de preto. a gradação de tons de cinzento entre o branco e o preto constituem os extremos de significado com graus maiores ou menores de intensidade.
Numa fase seguinte e ainda no Photoshop, apostamos na aplicação da brush tool com uma tonalidade amarela, com o intuito de contrastar com as cores mortas do cubo e com a sua linearidade.
Posteriormente, transferimos a composição para o Freehand, onde procedemos à desfragmentação do círculo amarelo, “a cor que se considera mais próxima da luz e do calor” (D.Dondis), recorrendo ao uso de vectoriais. As diferentes partes resultantes desta decomposição foram dispersas no campo de composição, não descurando a harmonia visual. Foi neste seguimento, que se destacou a presença de uma silhueta que pode retratar a dimensão humana da composição.
No global, a imagem final pretende transmitir a dualidade de emoções presentes na música. Por um lado, temos o cubo inspirado na fase inicial da canção e que sugere a solidez da relação que se encontra ameaçada por factores externos, que continuamente afectam o quotidiano amoroso das personagens. Em contrapartida, o dinamismo expresso nas formas curvilíneas dispostas aleatoriamente e sobrepostas umas às outras reflectem essas mesmas externalidades. Aqui, foi utilizada a técnica da espontaneidade, que “se caracteriza por uma aparente falta de planeamento. É uma técnica de grande carga emotiva, impulsiva e transbordante.” (D.Dondis)
As diversas pequenas formas constituem uma espécie de barreira à estabilidade do compromisso, podendo também serem entendidas como os estilhaços do que não resultou (“we are turning into dust”).
Nem sempre podemos ter o que queremos, nem sempre os cubículos da nossa vida são os quartos de conforto. Os lençóis brancos que os envolvem e as paredes caiadas de desilusão estilhaçam e confundem.
A composição da decomposição dos sentimentos é o que pretendemos transmitir nestas imagens.